terça-feira, 24 de julho de 2012

BOTE FÉ NA ECOLOGIA!

No último dia 22 de julho de 2012, domingo, um grupo de pessoas de nossa cidade resolveu deslocar-se até o açude público de nossa cidade: açude José Américo de Almeida, conhecido por "açude novo". Este açude foi construído nos primeiros anos da década de 30, quando na época estava sob a presidência da república Getúlio de Dorneles Vargas, o qual ocuparia o cargo por 15 anos. 

Sobre esta construção vejam o que diz o autor José Jacinto de Araújo em "Santa Luzia: sua história e sua gente":
"...uma grande obra para a terra estarrecida e na expectativa de sucumbir. Era um açude de grande porte a exemplo de outros que estavam sendo construídos em Condado, Coremas, Riacho de Cavalos, Soledade e outros, na Paraíba e alguns no Ceará. Era a última esperança de salvar aquela gente e aquela terra" (ARAÚJO, 1996, p. 48).
Vejam que era um obra de urgência, para amenizar a situação de desolação e seca em que vivia nossa terra. Transcorria o ano de 1932, quando foram inaugurados os prédios do Grupo Escolar Coêlho Lisbôa e dos Correios e Telégrafos, quando então, no mesmo ano, iniciavam-se as obras de construção desse reservatório. Com mais de um ano de trabalho, as obras foram concluídas, e no dia 11 de setembro de 1933 aconteceria "um dia de euforia, de agradecimento e de abraços e de regozijo", para a inauguração de tão grandiosa obra, acontecida com a presença do então presidente, Getúlio Vargas, ministros, interventor do estado e uma multidão. Discursos, foguetório, abraços e homenagem ao presidente fizeram parte da programação.
Agora vamos ao presente! 79 anos depois, um grupo de amigos - Júnior, Luiz, Carlos André e Burrinho - veem e não acreditam que a "grande obra" estivesse sendo assassinada por seus próprios moradores e pelo tempo. Andando pelas margens do açude, foi encontrada uma grande quantidade de lixo: desde garrafas peti até monitor de computador. Infelizmente, o manancial que era sinal de vida para tantas gerações tinha registros de que poderia está morrendo. 
Foi por isso que, sem esperar mais, o grupo de amigos resolveu divulgar um "SOS Açude Novo", a fim de fazer uma limpeza nas margens do nosso manancial. Desde o dia 13 de julho, eles começaram a divulgação por meio da internet e pediam aos amigos/as que fossem espalhando a causa que terminou sendo abraçada por professores, alunos/as, igrejas, jovens e populares. Enfim, uma forma de não esperar, mas de agir sem contar com as burocracias. A partir das 6h30min da manhã, começaram a ser feitos as primeiras coletas de material contando com o apoio de pessoas e comerciantes que doaram luvas, sacos de lixo, ou mesmo que tenham trazido ferramentas. Foi um trabalho inicialmente tranquilo, mas que com o passar das horas tornou-se urgente e que demandaria outras datas para a continuação. E foi isso que ficou acordado!
Por volta das 9h foram encerrados os trabalhos tendo percorrido parte das margens: indo desde a cerca que divide a zona rural da urbana (próximo ao sangradouro), até as proximidades do banco do brasil. Desta forma, foram concluídos os trabalhos e ficou certo de que o grupo intitulado "Amigos da cidade" voltaria a fazer mais uma etapa, tendo em vista a necessidade de percorrer ainda as áreas do sangradouro, da avenida Felipe Medeiros e do Bairro São José. Não sabemos ao certo ainda quantos dias serão necessários para a finalização do processo, entretanto podemos concluir desta primeira etapa algumas considerações.
1 - A quantidade de lixo encontrada é superior a que esperávamos e ela está composta, basicamente, de lixo doméstico, ou seja, provenientes das residências dos próprios moradores da cidade ou da zona rural. Entendemos que esse material também pode ter sido proveniente da época das cheias do rios que desembocam no reservatório, pois as águas provenientes de propriedades que tem a agricultura e a pecuária como meio de subsistência podem ter deixado materiais que nas noites de chuva tenham sido arrastadas pela correnteza. Entretanto, não consideramos essa a principal forma de poluição, mas sim, a que provem da irresponsabilidade dos moradores que não entendem que aquele é um reservatório que deve ser cuidado por todos/as, não por órgãos competentes somente. 
2 - Há a necessidade de outros mutirões como esse no açude, isso porque não conseguimos concluir toda a margem do mesmo. De acordo com o grupo de amigos, o objetivo desse dia era o de mobilizar a população para uma limpeza total do açude. Entretanto, apesar de uma considerável quantidade de pessoas participantes (acreditamos de umas 50 pessoas ou mais), a quantidade de lixo é exorbitante. Para se ter uma ideia, alguns alunos/as da professora Ana Leda iniciaram o processo de coleta bem na margem do manancial próximo ao sangradouro, entretanto, tendo me deslocado juntamente com meu afilhado Willianson para a mesma região, constatamos a necessidade de mais pessoas para a área e uma varredura bem minuciosa, o que demandou um trabalho de pelo menos duas horas sem ter concluído toda a área. O sangradouro, acreditamos, precisará de um dia inteiro de trabalho de todos/as!
3 - Necessitamos de apresentar alguns materiais recolhidos a população para conscientizar de que ali está um manancial de água doce, que serve para o abastecimento e não pode tornar-se morto como o açude velho! Os materiais encontrados fizeram a nossa "diversão" com ares de crítica a todos/as que poluem e poluíram o açude novo. Foram embalagens de camisinha, frigideira, lata, pneus, garrafas peti, bolinhas de meia e de saco plástico, sombrinha, animais mortos e sofás (dois, pra ser mais preciso). Há dois públicos que posso apontar como necessitados de conscientização: moradores da comunidade Nossa Senhora de Fátima (rua São Francisco, mais especificadamente) e os que pescam ou pescaram no açude (não necessariamente a colônia de pescadores, mas todos/as que praticam a atividade em tempos de cheia e de seca). Estamos apontando eles (moradores, inicialmente) pois, o sofá de três lugares encontrado na área do sangradouro por mim não pode ter sido colocado por pessoas que tenham vindo de um lugar distante, isso porque não estava "jogado" da barreira de cima, mas colocado nas pedras do sangradouro, o que me faz concluir que alguém próximo da área deixou ele lá (como se não houvesse coleta de lixo na cidade  não é gente? 2 ou 3 vezes por semana! Que vergonha!). No que diz respeito aos que pescam no açude, concluímos  esta necessidade por ter encontrado diversas garrafas peti, com um buraco no meio e cheias de pedra e terra, o que caracteriza o material necessário para a pesca de piabas. A poluição com esse material pode ter sido feita por todos/as, inclusive os que só estiveram lá na última época de sangria do açude (Custava ter levado uma sacola e colocar no lixo de casa?)

Por fim, acreditamos que esse foi o começo de uma ação que poderemos tornar benéfica e benfeitora, pois não precisamos de discursos que ataquem os órgãos competentes para esperar que "eles façam". O manancial é nosso, público, e somos nós que tomamos de conta e podemos fazer algo, desde que de forma unida e sem reclames. Fica nossa indignação por não saber e entender quem (instância governamental ou órgão) afinal poderia está mantendo o manancial, entretanto, não será isso que nos levará a cruzar os braços e não fazer nada. Acreditamos, os que estiveram e os que parabenizaram, que da próxima vez estejamos em maior quantidade para fazermos um trabalho ainda mais minucioso, desde que não tenham a cabeça de responderem uma pergunta de minha avó a uma pessoa dessa forma:
"Você foi ajudar?" - minha avó de 85 anos
"Eu não que não sou funcionária do (nome de um órgão)"! - resposta da pessoa.
Se for assim, nós não vamos conseguir fazer algo relevante e em mutirão nunca! Esteja convidado para o SOS Açude Novo, 2º capítulo.

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