De significado muito sublime para a tradição cristã oriental (principalmente), observamos importantes significados e explicações dadas pela Igreja Ortodoxa e resolvemos postá-la para entendermos a festa celebrada no último domingo nas igreja cristãs Oriental e Ocidental em todo o mundo.
Acompanhe conosco e veja que belo significado:
No dia 6 de janeiro celebra-se a festa da Epifania ou da Teofania.
Originalmente, era a única festa cristã da manifestação de Deus ao mundo na
pessoa de Jesus de Nazaré. Incluía a celebração do Nascimento de Nosso Senhor
Jesus Cristo, a adoração dos Rei Magos e todos os acontecimentos da infância de
Jesus como a Circuncisão, a Apresentação no Templo, assim como o seu Batismo
por São João no Rio Jordão.
É quase certo que esta festa, como a Páscoa da
Ressurreição e Pentecostes se entendia como o cumprimento de uma festa jadaica,
neste caso, a Festa das Luzes.
A palavra Epifanía significa manifestação. Freqüentemente se refere a
esta festa como a Teofanía, tal como se diz nos livros litúrgicos da Igreja
Ortodoxa, palavra que significa Manifestação de Deus. A ênfase que se dá a esta
festa hoje em dia está na vinda de Jesus como o Messias de Israel e o Filho de
Deus, Um da Santíssima Trindade, junto com o Pai e o Espírito Santo.
Assim, em seu batismo por João no Jordão, Jesus se identifica diante
dos pecadores como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29), o
“Bem-Amado” do Pai, cuja tarefa messiânica é a de redimir os seres humanos de
seus pecados. (Lc 3, 21; Mc 1, 35) É revelado como um da Santíssima Trindade de
quem dá testemunho a voz do Pai e o Espírito Santo em forma de pomba. Os hinos
da festa glorificam esta Epifania transcendental, isto é, manifestação.
Em teu batismo no
Jordão, Senhor,
manifestou-se a adoração da Trindade;
pois a voz do Pai deu testemunha,
chamando-te Filho bem-amado;
e o Espírito, sob forma de pomba,
confirmou a verdade desta palavra.
Ó Cristo Deus que te manifestaste e iluminaste o mundo,
Senhor, glória a Ti!
manifestou-se a adoração da Trindade;
pois a voz do Pai deu testemunha,
chamando-te Filho bem-amado;
e o Espírito, sob forma de pomba,
confirmou a verdade desta palavra.
Ó Cristo Deus que te manifestaste e iluminaste o mundo,
Senhor, glória a Ti!
(Tropário de la
Fiesta)
Hoje, Senhor, te
manifestaste ao Universo
e a tua voz brilhou sobre nós,
que, conhecendo-te, cantamos:
Vieste, apareceste, ó Luz Inacessível!
e a tua voz brilhou sobre nós,
que, conhecendo-te, cantamos:
Vieste, apareceste, ó Luz Inacessível!
(Kondakion)
Os ofícios litúrgicos da Teofanía reproduzem os da Natividade, ainda
que, o mais provável é que tenha sido a Epifania a que servir de modelo para a
Natividade, já a Natividade só mais tarde foi estabelecida como festa, Na manhã
da véspera da festa celebram-se as Horas Reais junto com as Vésperas e a Divina
Liturgia de São Basílio, o Grande. A vigília da festa consiste em Completas
Maiores e Matinas.
As profecias que são lidas na Teofania repetem as palavras de Isaías
las palabras de Isaías “Deus-conosco”, e enfatizam a predita vinda de seu
precursor, São João Batista:
“Esta é a voz Daquele
que grita no deserto: preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas.
Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão aplainadas; as estradas
curvas ficarão retas, e os caminhos esburacados serão nivelados. E todo homem
verá a salvação de Deus.” (Is 40,
3-5; Lc 3, 4-6)
O versículo batismal de Gálatas 3, 27 situa outra vez o Triságion. As
leituras do Evangelho selecionadas para todos os ofícios da Teofania falam do
Batismo de Jesus por João no Rio Jordão. A leitura da Epístola na Divina
Liturgia fala das conseqüências da manifestação do Senhor:
“A graça de Deus se
manifestou para a salvação de todos os homens. Essa graça nos ensina a
abandonar a impiedade e as paixões mundanas, para vivermos neste mundo com
autodomínio, justiça e piedade, aguardando a bendita esperança, isto é, a
manifestação da glória de Jesus Cristo, nosso grande Deus e Salvador. Ele se
entregou a si mesmo por nós, para nos resgatar de toda iniqüidade e para
purificar um povo que lhe pertence, e que seja zeloso nas boas obras.” (Tt 2,
11-14)
A característica principal da fiesta da Epifanía é a Grande Bênção das
Águas. De acordo com as indicações da Igreja, esta bênção deve ser celebrada
depois da Divina Liturgia, tanto na véspera da festa como na festa mesma. Na
maioria das paróquias, não obstante, faz-se geralmente uma só vez e numa
oportunidade em que um maior número de fiéis possam participar. Tem início com
a entoação dos hinos especiais da Festa e, logo, o celebrante incensa a água
posta antes num recipiente no meio do templo. Cercado por velas e, em alguns
casos, também por flores, esta água representa o belo mundo da criação original
de Deus e o mundo glorificado por Cristo no Reino de Deus. As vezes esta bênção
é feita fora, quando a igreja está situada próxima de um rio.
A voz do Senhor faz-se
ouvir sobre as águas, dizendo:
Vinde, todos, receber o espírito de sabedoria,
o espírito de inteligência, o espírito de temor de Deus,
do Cristo que se manifestou!
Vinde, todos, receber o espírito de sabedoria,
o espírito de inteligência, o espírito de temor de Deus,
do Cristo que se manifestou!
Hoje a natureza das
águas se santifica
o Jordão se divide e suas águas deixam de correr;
porque nele se vê o Senhor sendo batizado.
o Jordão se divide e suas águas deixam de correr;
porque nele se vê o Senhor sendo batizado.
Ó Cristo Rei, como
homem vieste ao rio para batizar-te.
Tomaste a iniciativa para receber o batismo da mão do Precursor
como escravo, por nossos pecados,
ó amante da humanidade
Tomaste a iniciativa para receber o batismo da mão do Precursor
como escravo, por nossos pecados,
ó amante da humanidade
Hinos da Grande
Bênção das Águas
São lidas, na seqüência, as três leituras da Profecia de Isaías sobre
a era messiânica:
“Alegrem-se o deserto
e a terra seca, o campo floresça de alegria; como o narciso, cubra-se de flores
transbordando de contentamento e alegria ….” (Is 35, 1-10)
Atenção! Todos os que
estão com sede, venham buscar água. Venham também os que não têm dinheiro:
comprem e comam sem dinheiro e bebam vinho e leite sem pagar... (Is 55, 1-13)
Com alegria vocês
todos poderão beber água nas fontes da salvação”.
E nesse dia, vocês dirão:
“Agradeçam a Javé, invoquem o seu nome, contem aos povos as façanhas que ele
fez, proclamem que seu nome é sublime; cantem hinos a Javé, pois ele fez
proezas; que toda a terra as reconheça. Gritem de alegria e exultem, moradores
de Sião, pois o Santo de Israel é grande no meio de vocês” ... (Is 12, 3-6)
Depois da Epístola (I Corintios 10, 1-4) e a leitura do Evangelho
(Marcos 1,9-11), entoa-se uma litania maior especial na que se invoca a graça
do Espírito Santo sobre a água e sobre todos aqueles que participaram dela.
Encerra-se com a grande oração da glorificação cósmica a Deus na qual se
suplica e se invoca Cristo que venha santificar a água, todos os seres humanos
e a criação inteira pela manifestação de Sua Presença Divina, Salvífica e
Santificadora, mediante a vinda do Santo, Bom e Vivificador Espírito.
Enquanto o tropário da festa é cantado o celebrante sumerge a cruz
três vezes na água e logo procede sua aspersão para os quatro pontos cardeais.
Ato contínuo, asperge todos os presentes com esta mesma água. Durante os dias
que se segue à festa, prossegue abençoando as pessoas e os lugares com esta
água abençoada que representa a salvação de toda humanidade e da criação
inteira, que Cristo levou a cabo mediante sua Epifania na carne pela vida do mundo.
Algumas vezes se pensa que a bênção da água e a prática (costume) de
tomá-la e aspergir sobre todas as pessoas e coisas é um costume pagão que,
erroneamente, teria entrado na Igreja Cristã. Sabemos, não obstante, que este
ritual foi praticado pelo povo de Deus no Antigo Testamento e que na Igreja
Cristã tomou um significado novo e especial.
Pois, em nossa fé cristã, pela imersão de Cristo nas águas do Jordão,
toda a matéria foi santificada e purificada nEle, limpa de seus germes
mortíferos herdados do demônio e da corrupção dos seres humanos. Na Epifanía do
Senhor, toda a criação foi restaurada, voltando a ser boa de novo, por certo
“muito boa”, tal como Deus mesmo a fez e proclamou que era no princípio quando
“o Espírito de Deus se movia sobre as águas” (Gn 1, 2) e quando o “Espírito de
Vida” estava no ser humano e em todo ser feito por Deus. (Gn 1, 30; 2,7)
O mundo e tudo quanto há nele certamente é “muito bom” (Gn 1, 31) e
quando se torna contaminado, corrompido e morto, Deus novamente o salva
mediante a "nova criação" em Cristo, seu Filho Divino e Nosso Senhor,
pela graça do Espírito Santo. (Gl 6,15) Isto é o que se celebra na Epifania, e
de modo muito especial, na Grande bênção das Águas. A consagração das águas
nesta festa coloca o mundo inteiro, através de sua matéria elementar, á água,
na perspectiva da re-criação, santificação e glorificação cósmicas do Reino de
Deus em Cristo e no Espírito. Diz-nos que o fim último do ser humano e do mundo
é ser "plenos de toda a plenitude de Deus" (Ef 3, 19), “a plenitude
Daquele que tudo preenche”. (Ef 1, 23) Diz-nos que Cristo, em Quem “habita
corporalmente toda a plenitude da Divindade”, é e verdadeiramente será “tudo em
todos”. (Cl 2, 9; 3,11) Diz-nos, ainda, que “o novo céu e a nova terra” que
Deus nos prometeu pelos seus profetas e apóstolos (Is 66, 22; II Pd 3, 13; Ap
21, 1) em verdade já estão "conosco" no mistério de Cristo e Sua
Igreja.
Assim, a santificação da água na Festa da Epifania e o aspergir da
água da Epifania não é nenhum ritual pagão, estranho a Igreja Cristã dos
primeiros tempos. É a expressão da autêntica visão cristã do ser humano, de sua
vida e de seu mundo. É o testemunho litúrgico de que a vocação e o destina da
criação é de ser plenificada “de toda a plenitude de Deus”. (Ef. 3,19)
TRADUÇÃO: ECCLESIA
FONTE:
“O ANO LITÚRGICO BIZANTINO” - Madre Maria Donadeo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Lembre que seu comentário exibe posicionamento seu, portanto, exprima aquilo que você pensa, não o que os outros vão influenciar!